COPA DO MUNDO

Análise: a Espanha precisa comemorar que fugiu da rota do Brasil

Análise: a Espanha precisa comemorar que fugiu da rota do Brasil

Seleção de Luis Enrique e seu falso controle de jogo na derrota para o Japão são símbolos da fraca Copa da Roja; se Brasil terminar líder de seu grupo, como se espera, estará do outro lado da chave

Doha, Catar - A Espanha novamente chegou próxima de ter 80% de posse de bola. Viu dois jogadores baterem o recorde de passes dados em um jogo de Copa do Mundo. Dominou o Japão. Mas sucumbiu. A derrota por 2 a 1 para o Japão mostrou que o time de Luis Enrique sofre do falso controle de jogo. É o símbolo do fraco Mundial que os europeus fazem até aqui.

De nada adianta ter a bola se não há finalizações. E cede espaços para o rival. Aos 30 minutos do segundo tempo, o telão do estádio Internacional Khalifa mostrou um Iniesta abatido. Parecia ter um deja vu. A Espanha de 2014 e 2018 estava ali. Um time que gira a bola, mas se desespera diante de defesas bem montadas. E simplesmente não chuta ao gol.

Aquela Espanha encantadora contra a Costa Rica se mostrou circunstancial. Teve uma brilhante noite contra um adversário enfraquecido. O time de Luis Enrique tem repertório para abrir espaços. Jogadores que se conhecem, fazem tabelas de olhos fechados. Mas eles mesmo se perdem diante das adversidades que qualquer partida de futebol pode dar.

Mesmo sem a liderança assegurada, Luis Enrique foi à última rodada com cinco mudanças em relação ao time que empatou com a Alemanha. E manteve sua identidade. Tanto na defesa, quanto no ataque. Teve 80% de posse de bola no primeiro tempo.

Os zagueiros Pau Torres e Rodri, com mais de 100 passes cada, quebraram o recorde em um primeiro tempo na Copa do Mundo. Mas tudo isso simplesmente não existiu na segunda etapa. A Espanha cercou a área japonesa após sofrer a virada e não conseguiu se infiltrar. Imagine contra o Brasil, que sequer tomou finalização na direção do gol neste Mundial?

Uma das novidades no time titular surgiu como a peça que parecia faltar nessa Espanha de muitos passes e intenso controle de jogo: Morata. O camisa 7 pode não estar entre os maiores goleadores do mundo, mas tem feito a diferença na Copa do Mundo. Chegou à artilharia do Mundial, ao lado de outros quatro jogadores.

Mas depender de Morata é muito pouco para uma campeã mundial. A Espanha pode mais e tentou mais, tanto que o camisa 7 foi substituído. No entanto, o que se viu foi uma partida idêntica à última eliminação da Espanha, contra a Rússia, nas oitavas de final de 2018. Os europeus esqueceram de finalizar.

Dani Olmo fez a única finalização espanhola na direção do gol no segundo tempo. Aos 43 minutos. Contra a Costa Rica, tudo funcionou. Mas nos jogos com Alemanha e Japão, a Espanha mostrou sua necessidade para ter um finalizador que aproveite as chances. A

Roja trabalha ao máximo para levar a bola dentro da área e dar o chute final o mais próximo do gol possível. Mas às vezes é preciso abandonar o seu próprio estilo.

De nada adianta conseguir um único gol e ter a bola se seu time dá chances para ser surpreendido. Quem sofre contra a Alemanha e leva uma virada do Japão precisa refletir muito se quer disputar o título mundial. Aos espanhóis, resta comemorar que fugiram da rota do Brasil, que, se terminar em primeiro do Grupo G, como se espera, estará do outro lado da chave.

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