Camisa 9 nos quatro primeiros jogos do Brasil com o técnico, atacante do Tottenham fica fora da lista: “A Seleção é uma seleção, ele concorre com outros grandes jogadores”
Rio de Janeiro - Camisa 9 da seleção brasileira nos quatro primeiro jogos sob o comando de Fernando Diniz, o atacante Richarlison ficou fora da terceira convocação do treinador. Diniz justificou a opção por deixar o jogador do Tottenham fora desta vez, mas fez questão de elogiá-lo.
— Acho que, mais do que o sistema, eu tenho que olhar para tudo o que está acontecendo. Acredito que esses jogadores que eu convoquei vão ter, neste momento, mais condições de entregar aquilo que estou esperando nesse momento. Richarlison é um excelente jogador, jogou muito bem na principal competição que tem no mundo, que é a Copa, e não conseguiu entregar aquilo que ele pode, mas ele não jogou mal, principalmente a primeira perna, contra a Bolívia e o Peru.
“É que a seleção é uma seleção, ele concorre com outros grandes jogadores, e nesse momento eu preferi convocar outros”.
O atacante tem dois gols em 15 jogos pelo Tottenham e pela seleção brasileira nesta temporada 2023/24, além de três assistências. O jogador buscou ajuda psicológica e começou a fazer terapia, diante do momento ruim e problemas fora de campo.
Fernando Diniz apresentou novidades principalmente no ataque na convocação desta segunda-feira. Os quatro estreantes são desse setor: Endrick (Palmeiras), João Pedro (Brighton), Paulinho (Atlético-MG) e Pepê (Porto).
Além deles, o volante Douglas Luiz voltou a ser chamado. A última vez havia sido em outubro de 2021.
Confira o que Fernando Diniz falou sobre alguns deles:
ENDRICK
– É um jogador que tem potencial para ser um dos grandes talentos. Não sabemos se vai se confirmar. Não é uma pressão. É um prêmio e uma visão de futuro do que este garoto pode ser. Um menino nascido em 2006 produzir o que ele produz me chama atenção. E neste momento vive o seu melhor momento, jogando contra grandes times do Brasil e consegue se sobressair.
Diniz fala sobre convocação de Endrick: “Tem potencial para ser um dos grandes talentos”
PAULINHO
– O Paulinho é um jogador que eu gosto muito desde o início da carreira no Vasco, depois na Alemanha e o retorno para o Atlético-MG. Vive um momento bastante especial, está despontando também na artilharia do Brasileiro, e tem uma maneira de jogar que se encaixa muito com a minha ideia de ver o jogo de futebol também. É um atacante que consegue jogar dos dois lados, consegue jogar atrás do 9 e também como um 9 de mobilidade. Tem muito comprometimento tático, além das suas qualidades físicas e técnicas.
JOÃO PEDRO
– Esse é um jogador que lancei no Fluminense com 16 para 17 anos, e ele respondeu sempre muito bem. Era uma posta que a gente tinha, que ele saísse para o mercado europeu, que ele ia conseguir ocupar o espaço que está ocupando. É um jogador que tenho certa aproximação e ele está evoluindo sem parar. Ele saiu de um time menor para um time maior, com bom treinador, está respondendo muito bem a novos estímulos, com novos enfrentamentos, e teve sua convocação muito merecida.
DOUGLAS LUIZ
– Douglas está sendo um dos destaques da Premier League, é um jogador monitorado aqui há muito tempo. Já esteve na principal, campeão olímpico. Eu o conheço desde muito jovem e vive o melhor momento da sua carreira. É uma convocação muito merecida. É um jogador que tem muita imposição e tem tudo para começar um novo momento na Seleção.
Veja outros trechos da coletiva:
Ausência de Lucas Paquetá
Paquetá é um jogador que eu considero um dos melhores dessa geração, eu teria muito gosto em convocá-lo, e provavelmente ele teria grandes chances de brigar pela titularidade, porque é um jogador que eu admiro muito. A investigação, pelo menos o que chegou para a gente até agora, está no mesmo ponto. Ela não foi encerrada, então não tem nenhum fato novo. Porque se eu convoco provavelmente vocês iam me indagar porque eu convoquei e não convoquei antes. Por enquanto, pediram mais tempo para investigar. Obviamente, se esse tempo de estender mais, a próxima convocação é daqui a quatro meses, aí acho que já seria tempo suficiente para chegar alguma coisa. Mas a vontade de trazer existe.
Só três laterais convocados
Dos laterais que a gente achou que deviam ser convocados nesse momento, são esses três. E a gente tem outras formas de atuar e de montar o time taticamente em que alguém possa ocupar aquele lado direito. Então, a coerência foi daquilo que eu acho que pode ter mais sucesso para esses dois desafios que a gente tem.
Ausência de Neymar
Ficar sem o Neymar é sempre muito ruim, é um prejuízo para o futebol brasileiro e para o futebol como um todo. Trata-se de um gênio do futebol, um dos grandes jogadores da história, essa é a minha opinião. A gente deseja uma recuperação muito breve, que ele consiga voltar mais forte, minha crença é de que ele ainda tem que escrever as páginas mais bonitas da história dele.
Desempenho recente da Seleção
Quando a gente perde para o Uruguai, a gente tem muita coisa para aprender. Quando a gente joga mal e perde, tem vontade de querer eliminar as pessoas do caminho de maneira precoce, não quer dar tempo que as pessoas precisam. Não me sinto mais nem menos pressionado. Eu vou fazer o meu melhor para a seleção, como sempre fiz. Eu não tenho nenhuma satisfação em perder, pelo contrário, me irrita profundamente. A dedicação é total para que as coisas corram bem. Se não jogar bem, não vou achar que é um fracasso. A gente vai seguir trabalhando na seleção com muito afinco e coragem para fazer o nosso melhor. Não tem garantia de resultado, mas de trabalho justo e honesto, essa garantia eu dou a vocês.
Importância do resultado
Não é que eu não pense em resultado, penso muito. Só que o resultado não é a única coisa da vida e do futebol. Eu penso em ganhar o tempo todo, eu me dedico aos meios para construir o resultado, mas não fico obcecado, que se ganhar é tudo muito bom e se perder é tudo muito ruim. Eu tenho uma coerência de atacar a causa, que é o treino e o trabalho. Eu acredito que quando se melhora a causa, os efeitos tendem a aparecer, no momento certo. Eu vou sempre tentar convocar os melhores jogadores para acelerar o processo. A gente tem que dar chance e só vai saber quando tem os jogadores na mão e você vai trabalhando e vendo o que encaixa melhor ou não, então a gente precisa mais de tempo.
Trabalhar conceitos com os jogadores
Acredito sempre que se, você vai acumulando trabalho, as chances das coisas darem certo melhoram. Dar certo não é ganhar o jogo. Contra a Venezuela, a gente não fez um primeiro tempo ruim. A gente vai procurar melhorar o time. A questão das relações, essa sim, quanto mais tempo tem, a gente vai conhecendo mais cada jogador, e nesse sentido para mim está em evolução constante. É um dos pilares centrais do meu trabalho, conseguir criar boas conexões com os jogadores.