Treinador do Verdão faz críticas sobre pressão excessiva a companheiros de profissão: “Alguém perguntou para o Fernando Lázaro quanto tempo ele tem para treinar?”
São Paulo - O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, lamentou na noite desta quinta-feira as trocas de técnicos em dois dos maiores rivais do Verdão: Fernando Lázaro deixou o cargo no Corinthians para a chegada de Cuca, enquanto Dorival Júnior assumiu o São Paulo após a demissão de Rogério Ceni.
Em entrevista coletiva após a vitória por 2 a 1 sobre o Cerro Porteño, pela Conmebol Libertadores, Abel criticou as constantes mudanças e citou, como já fez outras vezes, o duro calendário do futebol brasileiro como fator decisivo.
– É o campeonato que temos, a programação que temos. Não há outra forma, o que quer que eu te diga? É recuperação, depois falam que a equipe não está tão fresca. (...) Querem jogos intensos, qualidade de jogo e que as equipes façam seis, sete gols. A única coisa que peço para a minha diretoria, pois os diretores participam das reuniões, é que possamos ter três dias de descanso. Vamos continuar subindo montanhas, mas vocês não querem saber quando alguém é despedido.
– Alguém perguntou para o Lázaro (Fernando, ex-técnico do Corinthians) se ele tem treino para treinar, recuperar os jogadores, as lesões que ele tinha? Vocês (jornalistas) metem pressão nas diretorias, então quem dispensa primeiro são vocês, influenciam as diretorias (...). Não há milagres. Vocês esperam que o Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Flamengo, que ganhem todos, mas só um pode ganhar. As pessoas não entendem isso, até o Guardiola foge daqui, nem o Guardiola quer vir para o Brasil. Venha para cá competir, só um pode ganhar e as pessoas não entenderam isso.
Nas últimas semanas, quatro clubes da Série A trocaram de técnicos: além de Ceni e Lázaro, Vítor Pereira deixou o Flamengo, enquanto Antônio Oliveira foi desligado do Coritiba.
– Estava conversando com meus assistentes brasileiros que tinham ido dois portugueses e agora dois brasileiros, está dois a dois – disse Abel Ferreira.
Desde a chegada de Abel ao Palmeiras, no fim de 2020, Corinthians, Santos e São Paulo, somados, trocaram 13 vezes seus treinadores.