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Bastidores: como Luxa mudou o clima do protesto e conseguiu dez jogos de trégua para o elenco

Bastidores: como Luxa mudou o clima do protesto e conseguiu dez jogos de trégua para o elenco

Treinador funcionou como uma figura apaziguadora no sábado, durante protesto no CT; ideia partiu dos torcedores e teve intermediação de delegado da DRADE

São Paulo - Foi um ato de coragem de quem conhece o clube como ninguém quando Vanderlei Luxemburgo resolveu deixar o treino do Corinthians para trás e sair ao encontro de torcedores organizados na porta do CT Joaquim Grava, no último sábado, durante protesto contra a diretoria e o elenco do Timão.

A ideia partiu dos líderes das torcidas e fez o técnico conseguir uma trégua para a sequência da temporada. Em outras oportunidades, eles já pediram para conversar com referências do elenco, diretores e técnicos, mas sempre dentro do CT, entre poucos representantes. Dessa vez, o papo foi na rua, diante da imprensa e dos demais torcedores. A intenção era ter um papo 100% transparente.

Luxa, poupado das críticas, foi o escolhido para simbolizar esse momento de sintonia entre clube e torcida. O convite foi feito por meio do presidente Duilio Monteiro Alves, o mais criticado durante o protesto, que permaneceu durante todo o tempo na parte interna do CT.

policia ctHomens da polícia na porta do CT do Corinthians - Foto/Marcelo Braga

Após o “sim” de Luxemburgo, Duilio comunicou por telefone o delegado Cesar Saad, da Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE). Ele intermediou as conversas.

Definido o esquema de segurança (Luxa negou, por exemplo, um cordão de isolamento), o técnico foi até a torcida acompanhado de alguns policiais militares e seguranças do clube. Sorriu, cumprimentou várias dezenas dos que estavam perto das grades de isolamento e se reuniu com as lideranças.

A PM apenas fez uma barreira no portão do CT, que ficou aberto enquanto o treinador conversava com os torcedores em frente ao local. O objetivo era intimidar qualquer tentativa de invasão.

O que ficou combinado?

A dois dias do duelo contra o Fortaleza, marcado para segunda-feira, às 20h, pela quarta rodada do Brasileirão, Luxemburgo usou esse encontro com os torcedores para pedir tempo para trabalhar.

Como resposta, ele ouviu que a torcida dará uma trégua de dez jogos para o técnico e seus comandados. Se não houver reação no mês de maio, novas protestos estão previstos.

Nessa caminhada de poucos metros ali na frente do CT, Luxa conseguiu transformar a revolta pela má fase em uma sinalização de apoio. Tanto que os gritos de “diretoria omissa e elenco vagabundo” deram lugar a “joga com raça que a Fiel está com você.

No papo, Luxemburgo lembrou o início difícil de 1998 (quando o Timão foi campeão brasileiro) e pediu tempo. O técnico lembrou que seu contrato é até dezembro e que o trabalho é longo pela frente, mas ouviu que é preciso ter pressa. Por isso, então, ganhou o prazo de dez jogos.

Com a malandragem de quem está no futebol há décadas, Luxemburgo terminou a conversa com os torcedores fortalecido, com imagem de quem conhece exatamente onde está pisando. De quebra, serviu de escudo para a diretoria de futebol, que dessa vez não teve que se expor.

Agora, porém, só os resultados poderão trazer paz ao Corinthians de Vanderlei Luxemburgo.

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