Em meio à escândalo das criptomoedas, atacante pediu a diretoria tricolor que fosse negociado por empréstimo até o fim da temporada para a equipe paranaense

Rio de Janeiro - Fluminense e Athletico-PR anunciaram na tarde desta segunda-feira que o atacante Willian Bigode está a caminho de Curitiba. Em comunicado divulgado pelo Flu, a transferência foi um pedido do atacante, que estava afastado para resolver problemas particulares após o caso das criptomoedas. O contrato de empréstimo é válido até o fim da temporada.

O anúncio do clube paranaense nas redes sociais informa que ele chegará nesta terça-feira a Curitiba para passar por exames médicos e assinatura de contrato.

Pelo Fluminense, Willian Bigode tem seis gols e cinco assistências em 57 jogos desde a temporada passada. Em 2023, atuou cinco vezes, mas não participou de nenhum gol do Tricolor. A última vez que entrou em campo foi em 25 de fevereiro, na vitória por 3 a 0 em cima da Portuguesa-RJ, pelo Campeonato Carioca.

O atacante já defendeu o Athletico entre 2006 e 2008, com 32 jogos e nove gols no período. Ele passou em seguida por Corinthians, Metalist (Ucrânia), Cruzeiro, Palmeiras e, por último, Fluminense.

O jogador também se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa em rede social

“Hoje, venho comunicar o fim do meu ciclo vestindo a camisa do Fluminense. Mais de um ano defendendo esse clube que me recebeu e me acolheu da melhor forma desde quando cheguei. Foram muitos jogos e momentos que ficarão marcados na memória, principalmente o título do Campeonato Carioca do ano passado. Deixo o clube perto de mais uma final de Estadual, e fica a minha torcida para o bicampeonato. Agradeço à diretoria, comissão, staff, jogadores e a todos os funcionários por todo esse tempo juntos. Formamos uma família e ganhei amigos para a vida. À torcida tricolor, minha eterna gratidão pelo carinho comigo e minha família. Agora, novos caminhos e desafios a seguir.

Estou retornando a um clube onde joguei em meu início de carreira, que também tem uma torcida apaixonada, que investiu muito em estrutura nos últimos anos e hoje é referência no Brasil. O Athletico conta com profissionais de alto nível - tive o privilégio de trabalhar com alguns - e busca grandes conquistas. Sei que tenho condições e quero contribuir para seguir essa caminhada de sucesso.

Obrigado!”

Caso das criptomoedas

Willian Bigode é contratado pelo Furacão enquanto encara a polêmica das criptomoedas com ex-companheiros do Palmeiras. Até por isso, o atacante ficou fora dos treinos no Fluminense nas últimas semanas, desfalcando o time nas semifinais do Campeonato Carioca.

No domingo retrasado, 12 de março, o Fantástico revelou áudios trocados entre Gustavo Scarpa e Willian, sobre o investimento recomendado por Bigode. Os R$ 6,3 milhões que o meia aplicou em criptomoedas por indicação do ex-companheiro de time tinham desaparecido.

– Scarpinha, agora não tem nem mais questão de confiança, irmão. A questão que agora é orar. Fazer o que eu sei. Agora é esperar no Senhor – disse Willian em um dos áudios revelados pelo Fantástico.

O meio-campista foi apresentado à empresa Xland por Willian em junho de 2020 por meio de um arquivo com uma apresentação sobre criptomoedas. Em áudio, o atual jogador do Fluminense afirma que a empresa no qual é sócio tem “nossa fidelidade e parceria com a Xland”.

A promessa era de que o lucro poderia chegar a 5% ao mês, muito acima do que qualquer aplicação no mercado. Para convencer Scarpa a investir, Gabriel Nascimento, um dos donos da Xland, chegou a dizer que a empresa tinha R$ 2,1 bilhões em pedras de alexandrita, um mineral de grande valor, além de possuir chácaras e terrenos como garantia.

A matéria mostrou conversas entre Scarpa, Willian e os donos da Xland, Jean Ribeiro e Gabriel Nascimento. O jogador, hoje no Nottingham Forest, da Inglaterra, procurou os envolvidos no caso para tentar recuperar o dinheiro que investiu. Sem sucesso.

Scarpa passou a desconfiar de um possível golpe apenas em agosto de 2022. O jogador comunicou à Xland que gostaria de resgatar parte de seu dinheiro, mas não conseguiu.